segunda-feira, 30 de maio de 2011

A cor

Maria Luiza Souza


Se fosse simples passar ao papel
Em um rabisco de carbono
Ou uma rasa gota no pincel
O que por dentro colore a alma
Desenharia uma flôr
Na grandeza do céu
Ilustrando o mais puro sentimento
De calma.
Só assim conhecerias,
de modo singelo,
Minh'alma.



*São dias mais iluminados que me inspiram.
Com amor, carinho e admiração.

*Poema que fiz para o meu colega de blog, no dia de seu aniversário, do ano que me esqueci.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cai o pano

Conto de Moisés Neto

Numa pouco freqüentada rua de Casa Amarela há uma velha casa rodeada por um estranho jardim. Apenas dois empregados de aparência nada convencional cuidam da manutenção do imóvel. O dono raramente aparece e os vizinhos já nem ligam parra isso. Foi neste lugar que à cinco horas da tarde de um dia nublado de junho que Ângela foi parar seguindo um anúncio de jornal. Acabara de fazer um curso de teatro e no recorte em sua mão diziam que ali precisavam de uma jovem atriz. Bateu palmas e esperou logo apareceu alguém que parecia um empregado e conduziu a jovem a uma requintada sala onde um casal a esperava.O empregado retirou-se, não sem antes observar a recém-chegado com um certo olhar de soslaio.
- Foram vocês que botaram anúncio no jornal procurando uma atriz- suspirou esperançosa.
- Exatamente
- Então você é candidata?
- Como é seu nome?
- Ângela... senhor... Eu faria tudo por uma boa chance de mostrar o meu talento.
- Minha filha você nasceu no interior?
- Não. Em Recife mesmo. Vim assim que vi o anúncio no jornal. Peguei um táxi...
-  Você não imagina até aonde vai nossa influência. Por isso muita gente nos procura. Muita. –-Ela parece tão jovem...jovem demais para o papel.
-  É de mim que o público precisa. Eu sei – disse a novata ofegando mais uma vez.
-  Hum- resmungou a assistente de modo entediado.
- Só depende de você.
-  Se você for boazinha com a gente...
- O  que é que eu tenho que fazer?
- Digamos que...decorar um papel numa espécie de teatro.
-  Que história é essa?
- Uma senhora está sofrendo muito porque acha que o filho tem um certo problema sexual e queremos que você faça, digamos assim o papel de noiva dele.
-  É. Hoje em dia isso é um negócio muito comum- rosnou a assistente.
- - Muito- concordou a menina que já vira muito isso em filmes e novelas- E onde esta senhora e este filho dela moram.
- Na Alemanha.
- E eu tenho que viajar?- perguntou surpresa e fascinada ao mesmo tempo- Eu não sei falar alemão.
- Que curativo é esse no seu rosto?- assistente se aproximou da jovem e fez expressão de asco.
- Fui assaltada na ponte da Boa Vista, corri atrás do ladrão briguei com ele, peguei meu celular, chamei um policial e sabe o que ele disse? Que estava ali enxugando gelo, eu que me virasse ou se quisesse poderíamos ir a uma delegacia e prestar queixa, mas precisava de testemunha e isso ia demorar um tempão e não ia adiantar de nada mesmo.
- Você mora com seus pais?
- Meus pais moram em Catende e eu vim tentar a vida no Recife.Quase não conheço ninguém aqui. Consegui emprego numa loja no shopping do Janga, mas eles não pagaram o salário que prometeram e eu saí. Agora estou trabalhando como garçonete num bar. Mas tem uma professora de teatro que está me perseguindo. Eu não tenho nada contra as lésbicas.
- Por que você não toma uma providência?
- Porque a dona do bar me colocaria no olho da rua. Comecei a trabalhar a semana passada , recebo por comissão. Foi com este dinheiro que peguei o táxi. Faço vestibular no fim do ano e estou freqüentando um cursinho.
- Um cursinho? Nossa que emocionante!- a assistente mal conseguia disfarçar o tédio com aquela conversa tão vulgar.
- Você bebe?
- Só socialmente.
- Está disposta a passar um tempo na Alemanha?
- Este rapaz, ele está no Brasil e embaraça daqui a dez dias. Ele disse a mãe que veio buscar a noiva.
- Está com medo?
- Eu?  Com medo de quê?
Ângela seguiu pensando: como sua ânsia de ser atriz podia combinar com a estranha proposta que recebera? Duas horas depois estava limpando o bar quando Juliana, a mulher que a assediara entrou, visivelmente bêbada. Olharam-se.
-Boa noite, querida. Traz uma cerveja, preciso lavar o estômago.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cassandra

Poema dramático de Moisés Neto
(dedicado a Conceição Camarotti e Simone Figueiredo)


Ai de ti, cidade maldita! Tua hora se anuncia:
Virá como uma onda enorme:
Uma guerra cruel...
Que a morrinha caia no teu espírito de cabra!
O presente é uma armadilha...
Com fome ardente tudo tu consomes,  cadela voraz!
Tudo em mim está terrivelmente destruído...
Mas... cuidado!
Escuta minhas previsões! Não rias...
As serpentes lamberam os meus ouvidos...

ó filho da aurora, ó portador da manhã, vem em meu auxílio!
 ó guardião noturno do templo faça com que acreditem no grande incêndio.

Tu ris....
A cidade será tomada! Será inútil o que te digo?
Tu!
Não acreditas?
Tu tratas as coisas baixas como se valessem muito:
Nada vale mais do que o preço que nós próprios damos!
Hás de chorar!

Bem sei que são inúteis os meus clamores
Sei bem da inutilidade de todos os meios
Eu sou como estrela que saiu da própria esfera...
Que importa que eu te avise sobre o fim das promessas?
Das alianças..
Sobre o horror dos infantes trucidados.

Devíamos fechar os portões... viver de nós mesmos!
Não me escutas?
O sangue ferverá até a loucura!
O amor porá tudo a perder... Nos fará chorar oceanos,
Viver no fogo,
Comer pedras...

Tu!
Geração de víboras,
Hás de lembrar de mim!
Quando no inferno de dores comeres fezes!
Quando desejares estar tão embaixo da terra quanto em cima
Eu te entreguei os segredos da natureza e tu... zombaste... de mim?!
Me trocaste de maneira tão miserável na mais rude pressa!

Que destino maligno este que sufoca assim nossas despedidas.
Meu coração parece estar sendo arrancado pela raiz!

Não! Não haverá orgulhosas cicatrizes que mereçam risos ou admiração
Nem restarão ídolos para adoradores idiotas como tu és!
Geração de víboras!
Tens menos cérebro que cera no ouvido.

Pelo inferno e seus tormentos: não direi mais nada!
Ainda ousas me agredir?
Vida! Como pudeste me pagar tão mal?

Meu coração flamejante no meio dessa devassidão
Ele ainda tem a intenção de manter a tola promessa.

Mas o veneno da vingança se aproxima...

E eu pressinto os teus olhos pálidos, ó geração desgraçada que não me atendeste!
E me insultaste!
Já vislumbro as tuas feridas sangrando.
No estupor.
Na loucura
No desespero dos grosseiros e aturdidos...
Malvados, tremei!


Adeus.
Já se aproxima a feia noite: assim como o sol no ocaso a vida se abrevia.
Esta cidade terá medo de si mesma!

Nenhum espaço separará nosso ódio.
Nossas crianças parecerão milhões de peixinhos mortos sobre este rio poluído.

Chorai,
Geração de víboras!
Não por mim, que sou ninguém...
Mas por teus ossos.

A peste vem aí... Não tarda!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu queria ser poeta

By  Maria Luiza Souza


Eu queria ser poeta!
Trazer do sol a luz da noite
Trazer à noite a luz do sol.

Eu queria ser poeta!
Cantar o canto dos sem-encanto
Cultivar florês e suas multicores.

Eu queria ser poeta!
Trazer da pedra o cinza escuro
Que a chuva (de)clama por entre o muro.

Eu queria ser poeta,
Mas como poeta não sou
Banho-me na luz do sol
Canto o canto das flôres
E bebo da chuva fina.
Quem sabe, enfim, um poeta sem rima
Encontre-me recheada
Do penoso fio da meada?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A penny for Isabelita!

 (By Moisés Neto)


JUAN- (he is coming from the backstage) What? I can´t believe it! You bastard! What do you think we are?

ISABELITA- (Trying to calm Juan) Oh, Juan, be kind! What happened?

JUAN- Isabelita, guess what! They will only pay us half of our money! How I hate this artistic life.

ISABELITA- You are so cute, when you´re angry.

JUAN- Shit!

ISABELITA- Control yourself, my dear, please. Don´t worry about it.

JUAN- Oh my darling. I´d like the money to buy you…champagne..new clothes… new make up…musicians for you again. Got it? No more playbacks.

ISABELITA- I don´t mind the playbacks with you around. My love, my little thing (hold and try to kiss him he doesn´t want it).

JUAN- Don´t hold me 24 hours a day, please.

ISABELITA- What is this about? You love me, don´t you? Or  ..do you have another chicken ? Listen: I´ll cut your face if you try to leave me. If you don´t want me to hold you, why do you stay by my side?

JUAN- I need  money.

ISABELITA- Oh!

JUAN- I´am joking. I still love you. But we needed that payment.

ISABELITA- What a fucking place!

JUAN I´m tired of these places.

ISABELITA- But we have to work…

JUAN- Yes. You have 5 minutes.

ISABELITA- we act, get the money and go home, right?

JUAN- No: let´s drink and dance, I´m young, I want some fun!

ISABELITA- I have studio tomorrow morning: rum Montila! Don´t you remember?  and you have rehearsal, don´t forget.


JUAN- Those fucking children! I hate playing the fool to them!

ISABELITA- But the money is good, isn´t it?

JUAN- Yes, it is. I love your legs…your thick ankles…

ISABELITA- I need a drink.

JUAN- Oh, Isabelita!

ISABELITA- Amado mio!

JUAN- how can you be so hot?

ISABELITA- The music makes me hot and alive!

JUAN- I need more than this.

ISABELITA- Juan…

JUAN- Yes…

ISABELITA- I love you

JUAN- Should we pay the price for this crazy merry go round called Brazil?
ISABELITA- Y-e-s, my dear. Can´t you see how marvelous our misery is? At the end of the rainbow there is a new beginning!

JUAN- We have to believe…

ISABELITA- Yes! It´s all we have. Kiss me, my boy, just kiss me!


The end

sábado, 7 de maio de 2011

Homenagem à mamãe


O Circo do Futuro (de Moisés Neto e Paulo Smith)


Direção: Carlos Bartolomeu.
Produção: Simone Figueiredo e Ulisses Dornelas


MÚSICA PARA AS MÃES


     O Circo do Futuro: é um musical que tem em cada número uma divertida aventura para jovens de todas as idades. Bruno é um garoto do futuro que mora em uma estação espacial numa galáxia distante. Ele sonha visitar um circo, o pai o proíbe. O garoto então conta com a ajuda do androide Curumim. Venha conhecer essa turma num musical do outro mundo!


Elenco : Catarina Rosa, Eron Ferreira, Gabriella Melo, Herminia Mendes, Hilda Torres, Lano de Lins, Mateus Sobral, Pascoal Filizola, Reinaldo Patrício, Reyson Santos, Romero Brito, Sandra Rino, Soraya Silva e Zé Barbosa.
Ficha técnica: Texto: Moisés Neto. 
Músicas: Moisés Neto e Paulo Smith
Direção: Carlos Bartolomeu. 
Direção Musical: Sueudo Fernandes.
Produção Musical: Tovinho e Ulisses Dornelas. 
Arranjos: Tovinho, Ulisses Dornelas, Sueudo Fernandes e Paulo Smith
Coreografia: Heloisa Duque. Figurino, Adereços
Maquiagem: Célio Pontes
Cenário: Séphora Silva.
Design de Luz: Játhyles Mirand



Link para o vídeo no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Hktiksada68